Avançar para o conteúdo principal

O Prazer








O PRAZER



Um táxi à porta, que para a imensidão da noite os transporta.
O percorrer das ruas, num embalo intermitente causado pelo chão!
A chegada ao destino,  como cavalheiro à amada abre a porta.
A caminho de um bar, admiras a beleza daquela que te aperta a mão.

A música suave e tu, no seu olhar doce, voluptuosamente perdido...
A troca de um beijo, duas bocas quentes loucas de paixão!
O seu olhar intenso e penetrante, com volúpia faz um mudo pedido...
Um convite aceite para uma noite em que não dará apenas a mão.

O avançar da noite, numa voraz sucessão de notas e melodias.
A pé pela rua, num saboroso e refrescante caminhar...
À porta da discoteca, numa expectante ilusão de novas alegrias!
É a hora mágica! Impetuoso, o corpo anseia pela pista para dançar.

A dança frenética, movimento intenso numa pista apinhada!
O piscar da luzes, devorador dos sonhos de uma mente perdida.
A sensualidade dos corpos, pelo odor do suor suavemente mesclada!
A vertigem de viver, louco e insano, o medo de desperdiçar a vida.

A voracidade da noite, que incontrolável os seduz...
Um copo vazio na mesa mais distante do bar!
Um quarto de hotel, ninho de amor iluminado à média luz!
Um corpo de mulher nu, para loucamente poder amar!

O que buscais como almas gémeas com tanto ardor?
Porque quereis tão intensamente ao corpo tudo dar a conhecer?
Insana demanda que preenche a alma e enche o corpo de calor!
Sentimos o amor, vibramos a paixão, mas buscamos o prazer!



Algures nos céus da Europa, 10 de Maio de 2016, entre as 9:00 e as 12:00
Companhia aérea: TAP

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O SEMÁFORO

O SEMÁFORO Na cidade do Porto, numa rua íngreme, como tantas outras, daquelas que parecem não ter fim, há-de encontrar-se um cruzamento de esquinas vincadas por serigrafias azuis, abertas sobre azulejos quadrados, encimadas por beirais negros de ardósias, que alinham, em escama, até ao cume e enfeitadas de peitoris de pedra, sobre os quais cai a guilhotina. Estreita e banal, sem razões para alguém perambular, esta rua, inaudita, é possuidora de um dispositivo extraordinário, mas conhecido de muito poucos: Um semáforo a pedal, que sobreviveu, ao contrário dos “primos”, tão em voga na década de sessenta, na América Latina. No início do século XX, o jovem engenheiro, François Mercier, de génio inventivo, mudou-se para o Porto. Apesar do fracasso em França e na capital, convenceu um autarca de que dispunha de um dispositivo elétrico e económico, bem capaz de regular o trânsito dos solípedes de carga, carroças, carros de bois a caleches, dos ilustres senhores. O autarca ...

O BILHETE

O BILHETE Com os cadernos debaixo do braço ele subiu a escadaria do Liceu Camilo Castelo Branco, em Vila Real. Vivia numa aldeia próxima e tinha vindo a pé. Tinha vários irmãos e como estavam todos a estudar, tinham de poupar em tudo o que era humanamente possível. Já estava com saudades das aulas! Era irónico que tal fosse possível pois os jovens preferem as férias. Não era o seu caso. Tinha vindo de Angola e, por falta de documentos, tinha ficado um ano sem estudar, trabalhando na quinta, ao lado do pai, enquanto os irmãos iam para as aulas. Estudar era, portanto, a parte fácil. Procurou a sala onde a sua turma tinha aulas: Ala este, piso zero, sala seis. Filipe era um aluno acima da média, mas a sua atitude era de grande humildade: esperava sempre encontrar alguém melhor que ele. Dado que tinha ficado um ano afastado da escola estava com alguma expectativa em relação à sua adaptação, mas confiante nas suas capacidades. Não tardou em destacar-se e no fim do primeiro tri...

A ESPIGA RAINHA

A ESPIGA RAINHA O outono já marcava o ritmo. Os dias eram cada vez mais pequenos e as noites mais frias. O sol pendurava-se lateralmente no céu e apenas na hora do meio-dia obrigava os caminhantes a despir o casaco. Na agricultura, a história era outra: as mangas arregaçadas, aguentavam-se até ao fim do dia, graças ao esforço físico. Outubro ia na segunda semana e esta previa-se anormalmente quente para a época. Apesar dos dias quentes, os pássaros já procuravam abrigo para passar o inverno e as andorinhas fazia muito que haviam partido. Na quinta do José Poeiras era altura de tirar o milho dos lameiros. A notícia percorreu a vizinhança como um relâmpago: era a última desfolhada, portanto havia lugar a magusto e bailarico. José Poeiras era um lavrador abastado, mas isso não lhe valia de muito. As terras eram pobres e em socalcos e não lhe permitiam obter grande rendimento. O que lhe valia era a reforma de capitão do exército. Tinha ficado com a perna esquerda em mau estado ...