Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2013

Zero (último capítulo)

V inte e sete. O Sol conduz-nos pelas ruas Ao dobrarmos a esquina da 17 com a Dom Carlos, Paulina perdeu-se-me do braço por um momento. Ao p assar a mão pelo cabelo, os dedos roçaram ao de leve a tes t a e um calafrio   arrefeceu-me os pulmões e dila t aram-se-me as narinas. Acima do sobrolho esquerdo a pele es t ava dura e áspera. Olhei-me nos vidros de um carro e as veias nas têmporas encheram-se de pânico. Compus a grava t a e fechei o casaco. O Sol varria a avenida e a luz era de sábado de manhã. Eu não podia querer que tudo não p assasse de um sonho. Estou calmo. Olho em vol t a. Isto é a minha vida. A cidade não me vira as cos t as. Quem me p assa na rua, p assa, p assa - apenas. Paulina e Pol trocam um abraço. Es t amos a chegar à esplanada do Pa p a-Açorda. Recupero-me. Estou a racionalizar as coisas. Estou a traçar o ma p a da

GIL VICENTE VERSUS TROIKA

Gil Vicente, quando escreveu a Farsa de Inês Pereira, não pensou na intemporalidade da sua obra, mas a verdade é que foi esse texto maravilhoso, que gerou em mim a ideia de vos falar da Farsa da Actual Vida Política. Tudo começa com a vinda da Troika… Esqueçam, tudo começou há demasiado tempo e muitos foram os culpados, mas não responsabilizados, que ficaram pelo caminho, ou melhor, que continuam no caminho, enchendo-o de escolhos, para que o Zé Povinho continue a tropeçar, sem conseguir atingir a meta. Mas afinal o que é que a Troika e o Gil Vicente têm a ver com isto tudo? Tudo isto está relacionado com quadrúpedes! A personagem principal da Farsa de Inês Pereira, deu voz ao ditado popular que diz; “antes quero asno que me carregue, que cavalo que me derrube”. Fê-lo por outras palavras, bem sei, mas foi esse o sentido com que falou. Por seu lado, a Troika, na sua origem, não passava de uma nobre carruagem, puxada por três cavalos. Mas, na Farsa de Inês Pereira, como na utiliza

Partilha - Video Youtube

Nunca é demais divulgar a importância do simples acto de partilhar, muitas vezes o pouco que se tem!

Zero - Capitulo 23

V inte e três. ... cortisona e o meu anjo-da-guarda. Naquela última manhã eu es t ava dei t ado na cama, estendido de pernas aber t as, os braços ao longo do corpo. T inha acabado de acordar e pelo suor na minha tes t a, que eu sentia escorrer até às orelhas, deviam es t ar uns trin t a graus. Era quase meio-dia, o quarto es t ava escuro, as janelas aber t as e as cortinas fechadas. Adormeci e acordei várias vezes até vol t ar a cair num sono pesado. Es t ava sob o efeito da cortisona há quaren t a e oito horas, fosse o que fosse o que isso queria dize r . Por vol t a das três horas senti uma presença no quarto. Uma luminosidade forte ao fundo da cama   do lado direito. Primeiro, pensei que fosse o Sol - que nasce do Oriente, de frente p ara a minha sala - que tivesse já galgado o prédio na sua fadiga diária vol t ando agora p ara o Ocidente