Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2019

SANTO ANTÓNIO

SANTO ANTÓNIO A casa estava em ebulição. Eduardo, o filho mais velho, tentava, em vão, ajudar a mãe a organizar a excursão. Com apenas 8 anos ele era o homem da casa. O pai estava emigrado na França: tinha ido em busca de uma forma de proporcionar uma vida melhor à família. Eram tempos difíceis. Viver da agricultura, possuindo uma pequena propriedade no norte de Portugal era difícil, mas quando a família era constituída por sete bocas a coisa assumia proporções desmesuradas. Não chegava trabalhar de sol a sol, debaixo de chuva e ao frio, sacrificando o corpo e prejudicando a saúde. O rendimento simplesmente não era suficiente. Os cinco filhos tinham nascido de rajada. «Era a vontade de Deus!» dizia Teresa com um sorriso nos lábios. Teresa era das poucas mulheres, a única na sua aldeia, que tinha tirado a quarta classe. Fora uma concessão feita pelo pai à professora primária. «As mulheres não precisam de estudar, mas sim de arranjar um bom marido!» Dissera o pai. «

Resposta a Carta de amor envergonhado

Resposta ao Amor envergonhado Recebi a tua carta pela mão da tua irmã. A situação pareceu-me estranha, tanto mais que tinha estado contigo durante a manhã e iríamos estar juntos, novamente, no dia a seguinte à tarde. A indicação era de que deveria entregar-lhe a resposta até ao fim da manhã do dia seguinte. Sem hesitar, isolei-me e li a carta com avidez. Nesse momento senti-me o homem mais feliz do mundo. A mensagem tinha chegado a mim graças à tua irmã, mas o sentimento que ela descrevia era teu e isso significava o mundo para mim. O estado de euforia em que fiquei era de tal forma intenso, que não consegui ir ao treino. Fui para casa, pensar numa resposta à tua altura, mas, na verdade, apenas queria estar contigo. Tive que me conter para não te telefonar e só o facto da tua irmã ter pedido que o não fizesse, é que evitou o contacto. Li a carta dezenas de vezes. Nessa altura entendi muitas das tuas reações, que eu pensava serem de rejeição, quando apenas resultavam dessa t

CARTA DE AMOR - Amor envergonhado

Olá Américo, Sinto que tenho de escrever esta carta, embora o seu conteúdo nunca vá descobrir a luz do dia. Entre as amigas sou conhecida como a gata borralheira. Existe uma razão para isso: A resistência em sair de casa, graças à minha grande timidez. É ela que faz com que esconda os olhos por detrás de uns óculos enormes, de aro grosso, ou o corpo por detrás de roupas largas e sem graça. Detesto chamar à atenção sobre mim. Mas aquilo que preciso de exorcizar não é a minha timidez, mas o grande amor que carrego dentro do peito. Quando entraste na sala, no primeiro dia de aulas, com o teu ar descontraído, apesar de já estares atrasado, o teu sorriso iluminou o espaço. Tu eras um íman, com um poder de atração gigante e eu um pedaço de ferro velho que não conseguia descolar de ti. Vi a forma como o teu olhar percorreu a sala e se deliciou com as jovens exuberantes que ali se sentavam. Elas retribuíram. Senti-me ignorada e com vergonha do sentimento que me arrebatou, baixei a c

A JORNALISTA | PARTE III | CAPITULO 10

A JORNALISTA | PARTE III | CAPITULO 10  – O Armazém O homem não sabia mais nada. Nem a quantidade e tipo de armas, nem a localização do armazém. O capitão era um operacional e não um investigador por isso, depois de colocar Mónica ao corrente da situação, aguardou instruções. Entretanto, o chefe da Mónica também já estava no local. Tinha vindo acompanhado de vários militares e civis que, ou eram políticos, ou da secreta. Mónica foi confirmada na condução da investigação, tanto mais que se devia a ela o sucesso até aí alcançado. «A localização do armazém pode ser em qualquer sítio nas redondezas.» Disse o chefe da Mónica. «Isso representa demasiados armazéns. Se começamos a invadi-los todos, para além de demorar demasiado tempo, vamos alertar os terroristas.» Disse o coronel, que comandava os GOE. «Como sabe que se trata de terroristas?» Perguntou o chefe da Mónica. «Se não são terroristas, colaboram com eles o que vai dar ao mesmo!» Explodiu o homem. «Talvez exista um