SANTO ANTÓNIO A casa estava em ebulição. Eduardo, o filho mais velho, tentava, em vão, ajudar a mãe a organizar a excursão. Com apenas 8 anos ele era o homem da casa. O pai estava emigrado na França: tinha ido em busca de uma forma de proporcionar uma vida melhor à família. Eram tempos difíceis. Viver da agricultura, possuindo uma pequena propriedade no norte de Portugal era difícil, mas quando a família era constituída por sete bocas a coisa assumia proporções desmesuradas. Não chegava trabalhar de sol a sol, debaixo de chuva e ao frio, sacrificando o corpo e prejudicando a saúde. O rendimento simplesmente não era suficiente. Os cinco filhos tinham nascido de rajada. «Era a vontade de Deus!» dizia Teresa com um sorriso nos lábios. Teresa era das poucas mulheres, a única na sua aldeia, que tinha tirado a quarta classe. Fora uma concessão feita pelo pai à professora primária. «As mulheres não precisam de estudar, mas sim de arranjar um bom marido!» Dissera o pai. «