O PASSAGEIRO Sentada na coxia da fila nove ela viu-o assim que ele entrou no avião. Não era um homem bonito mas algo despertou nela um interesse que não conseguia definir. Tratava-se de um jovem alto e musculado, com ar duro e aparência robusta. Apenas a ligeira proeminência abdominal destoava na figura atlética. «Partilhamos os prazeres da mesa!» Pensou ela. O seu coração bateu ligeiramente mais acelerado quando percebeu que ele se iria sentar a seu lado. - Dá-me licença por favor? A voz dele era máscula, mas suave como uma carícia. Ela levantou-se para ele se sentar junto à janela. Ao rodar para lhe dar passagem não se afastou o suficiente e o braço dele roçou-lhe o mamilo direito. Uma descarga elétrica percorreu-lhe o corpo. - Desculpe! Disse ele com um sorriso. Ela corou. Assentiu com a cabeça esboçando também um sorriso. A viagem para São Paulo iria demorar dez horas pelo que se ajeitou no assento tentando ignorar o companheiro de viagem e dormir.