A JANELA DA CORTINA VERMELHA O julgamento com falta de conhecimento é o pior dos julgamentos Ela era apenas uma sombra cosida com a cortina translúcida. Era a única cortina vermelha. Ele vigiava a janela constantemente, mas sem qualquer resultado. Todos os dias, de manhã e à noite, Rui abria a janela do seu quarto na expetativa de ver aparecer a face que ele ansiava por conhecer. Tudo tinha começado há dois meses atrás. Rui era um jovem pacato, que frequentava o curso de engenharia e que dedicava mais atenção ao estudo, aos jogos de computador e aos filmes, do que às raparigas. No início, isso tinha feito alguma confusão aos pais, mas rapidamente se habituaram à ideia. O amor parecia despontar mais tarde do que na geração anterior. Fruto dos tempos! Era, no entanto, um jovem muito interessante: tinha um metro e oitenta de altura, cabelos castanhos e uns olhos que mudavam de cor consoante o humor e que eram a perdição das mulheres. Naquela manhã de sábado ele estava