O PAI NATAL BATEU À PORTA Carlos, aos oito anos de idade, estava convencido que conhecia as dificuldades da vida. Fazia dois anos que o pai tinha desaparecido. Apaixonou-se por uma angolana, depois de estar a trabalhar no país durante um ano e deixou de ter qualquer contacto com a família. Aquele ato impensado do pai pareceu-lhe injustificado e muito cruel. Ele era o seu ídolo e a mãe não se cansava de elogiar o sacrifício que ele fazia ao ir trabalhar para África. Mãe e filho sentiram-se traídos. Apesar disso, ela nunca disse abertamente mal do marido. «Talvez um dia ele nos explique as suas razões.» Dizia a mãe O carinho, o amor e o constante apoio da mãe acabaram por ajudar Carlos a ultrapassar a situação. No entanto, nada conseguia compensar a falta do amor do pai e o impacto da falta do dinheiro que a sua ausência provocou. Ele tinha um irmão e uma irmã e a mãe tinha de sustentar a família sozinha. Embora não lhe faltasse, nem teto nem comida, felizmente a casa estava