A RUIVA Começou por me dizer que se chamava Raul Cardoso e que tinha uma história… bem, uma história singular! Curiosamente conheci o homem no restaurante A Baiana, na ilha de Porto Santo. Era alto e espadaúdo. O cabelo, cortado à escovinha, fazia com que as patilhas parecessem enormes, assemelhando-se a duas manchas negras na face. A pele demasiado branca denunciava a sua ascendência e os olhos rodeados de uma auréola castanha e escondidos atrás de uns óculos, fundo de garrafa, eram a imagem estampada de uma ingenuidade triste. O queixo quadrado e a meia barba, transmitiam uma sensação de firmeza e de caráter vincados. Os punhos da camisa saiam exageradamente pelas mangas do casaco, peça que destoava naquele ambiente e a gravata, meio de lado e presa com um alfinete de prata trabalhada numa técnica milenar, davam-lhe um ar desarrumado mas distinto. Instintivamente tive a sensação de que usava um perfume com odor a pinho. Estávamos em finais de Setembro. Os sinais d