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A mostrar mensagens de abril, 2020

A JORNALISTA | PARTE VI | CAPÍTULO 7

 A JORNALISTA | PARTE VI | CAPÍTULO 7  - Maria Eduarda Mónica colocou-se deliberadamente no caminho dele. Era importante que a iniciativa do contacto fosse do segurança.   Quando o miúdo desatou a correr ela viu a sua oportunidade e agiu. O choque foi inevitável. Mónica Fonseca colocou-se de costas para o segurança enquanto esfregava a canela. A pancada tinha sido com mais força do que antecipara. O segurança chamou o filho e repreendeu-o. «Boa tarde inspetora Mónica. Pede desculpa à senhora inspetora.» «A criança não teve culpa. Eu é que me coloquei no caminho dela.» A esposa do segurança entrou na loja com o filho enquanto eles ficaram ali à conversa. Ela bem tentou tirar nabos da púcara, mas não obteve qualquer informação relevante. Pelas bandas do palacete da Lapa existia uma revolução em curso, mas quanto aos mistérios da casa, nada. «Como já lhe tinha dito a mulher tinha o rosto tapado, mas pelo reflexo de um ou outro cabelo solto eu diria que talvez seja loira.»

A CAMINHO DA ESCOLA

A CAMINHO DA ESCOLA Os primeiros dias de Junho vieram quentes e secos. Apesar disso, as noites eram frias, ou não estivéssemos no norte de Portugal, mais precisamente, em Vila Real. Alberto tinha-se levantado de madrugada e, juntamente com os pais, tinham enxofrado as videiras entre as cinco e trinta e as sete da manhã. Depois de um banho rápido e da ingestão de uma malga de sopa, meteu os pés ao caminho. Caminhava apressado carregando os livros na mão direita e um pequeno balde na esquerda. Enquanto ele se preparava para a escola, a mãe tinha apanhado um balde de morangos, para ele levar ao Joaquim. Era o seu melhor amigo e, ocasionalmente, ele almoçava em casa dele, quando a cantina da escola, por alguma razão, não providenciava refeições aos alunos. Apesar do esforço físico Alberto estava feliz por ter-se levantado tão cedo. Ver o dia clarear era uma experiência maravilhosa. Era normalmente a hora mais fria da noite e as ervas e plantas, estavam cobertas com uma espessa camad

A CASA DO PORQUÊ

A CASA DO PORQUÊ A Páscoa passou, mas a normalidade não voltou: continuavam em estado de emergência. O sábado passou sem grandes novidades. Era dia de limpeza da casa e eles esmeraram-se. Os filhos tiveram de levantar-se cedo, para que os quartos pudessem ser arrumados. Por volta das treze horas, Pedro foi arranjar o almoço. O peixe ao sal era uma das suas especialidades. O robalo pesava um quilo e seiscentas gramas, já depois de limpo e tinha um aspeto fantástico. Quando saíram da mesa já eram dezasseis horas. Foram todos para o sofá. O filho mais novo ligou a televisão ao computador e viram um filme, todos juntos. O jantar foi restos e depois Emília e Pedro dedicaram-se à leitura, sentados em frente ao ecrã negro da televisão. Os filhos foram cada um para o seu quarto. Emília dormiu muito bem e no domingo acordou bem-disposta. Chegou-se a Pedro, pela manhã e fizeram amor. Depois de saciados, foram para o banho juntos e ela encheu-se de coragem e perguntou. «O que achas do m

A JORNALISTA | PARTE VI | CAPÍTULO 6

A JORNALISTA | PARTE VI | CAPÍTULO 6  – Os Chineses   Li Cheng estava hesitante sobre o momento adequado para a implementação da última alteração, que tinha planeado. Ele não conhecia o negócio como o seu antecessor, pelo que precisava de ter alguém de confiança a dirigir as operações, tal como acontecia com a área financeira. No entanto, era crucial que fosse essa pessoa a sugerir e a implementar algumas medidas sem perceber que estava a ser condicionado. «À semelhança do que foi feito no Luxemburgo precisamos de rever todos os contratos que temos. Não quero ser confrontado, em Portugal, com as situações que tivemos no Luxemburgo.» Disse Li. «Para além disso, precisamos de implementar um sistema de rotação que nos garanta que não ficamos dependestes de determinado fornecedor ou prestador de serviço.» Disse o diretor financeiro. «No momento próprio eu já tinha manifestado as minhas reticências a alguns contratos, pelo que estou completamente de acordo.» Disse o administrado

COVID-19 | A ECONOMIA A POLITICA E A LIBERDADE

COVID-19 | A ECONOMIA A POLITICA E A LIBERDADE Neste momento já não se discute, em sede de COVID-19, se Portugal atingiu o pico ou se está em planalto. A questão é saber quando e como vamos regressar à normalidade. A vida é assim, cada momento ou cada pessoa tem as suas prioridades. Essa não é apenas uma constatação do que está a acontecer, mas uma das inevitabilidades da vida. Portanto, a mudança das prioridades e das estratégias que servem as mesmas é natural, não devendo ser um problema. O que pode ser um problema é a forma como essas prioridades são definidas e as respetivas estratégias implementadas. A verdade é que se a definição da prioridade for feita de forma errada, isso pode levar uma pessoa, uma equipa, uma empresa ou mesmo um país, a focar-se na resolução de um problema, quando devia estar focado na resolução de outro distinto. Essa, para mim, é a verdadeira questão, em Portugal e no mundo. A sua importância resulta do seguinte facto: o custo da implementação

A JORNADA

A JORNADA Era a última semana da quaresma. Seria uma semana de trabalho mais curta, mas isso parecia pouco reconfortante, perante a perspetiva de ficar fechada em casa. Levantou-se irritada: vá-se lá saber porquê. O marido acabava de sair do banho. O corpo bem tonificado e sem grandes vestígios de gordura, prendeu o seu olhar. Ele virou-se e exibiu o peito torneado e o abdómen liso. O sorriso dele incomodou-a. Porquê? A presença daquele corpo enxuto e tonificado era como um insulto. «Bom dia meu amor! Dormiste bem?» «Não!» respondeu ela, de forma seca e dura. Os gestos bruscos com que puxou a toalha e a jogou sobre a bancada, estavam em sintonia com as palavras. Matou o diálogo. Quando chegou à cozinha ele já lhe tinha preparado o sumo e as torradas. Arremessou, sobre a mesa, o pires e poisou a chávena de café fumegante, sobre o mesmo, com gestos violentos. Ele mastigava a torrada de forma impassível. «Isto é incrível!. Nada incomoda este gajo. Será que ele nunca vai ex