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A mostrar mensagens de dezembro, 2019

A FIDALGA DA TORRE

A FIDALGA DA TORRE Decorria o ano de 1358, quando a Fidalga veio habitar a Torre. D. Alda Vasques chegou no pico da primavera com as cerejeiras engalanadas a dar-lhe as boas vindas. A descida para a Torre era íngreme e o empedrado romano estava escorregadio, obrigando os cavalos e as mulas a uma marcha lenta. O cortejo era magnífico e os súbditos juntaram-se para os receber. Nos dias que se seguiriam era certo e sabido que seriam motivo de conversa. A fidalga e a criadagem eram uma novidade para o povo simples da aldeia de Quintela, mas o que tinha verdadeiramente despertado a curiosidade era a jovem que se sentava ao lado de D. Alda. A donzela tinha levantado o véu, que lhe protegia o rosto alvo, tornando visível a sua beleza. O corpo delgado sentia-se confortável dentro do corpete. A blusa branca de folhos, adornando um generoso decote, evidenciava os seios redondos, que espreitavam, parecendo querer libertar-se. Os jovens assobiavam baixinho, devido ao respeito,

A JORNALISTA | PARTE IV | CAPÍTULO 10

A JORNALISTA | PARTE IV | CAPÍTULO 10  – Alegações finais A mulher do segurança olhava pela janela, na esperança de ver aparecer o marido a qualquer momento. O carro patrulha que fazia vigilância foi rendido e um dos polícias veio falar com ela para ver se estava tudo bem. Sobre o paradeiro do marido não havia notícias, mas, a verdade, é que apenas tinha sido feito um alerta e não existia um processo de busca ativa. Mónica recebeu a notificação sobre o alerta do desaparecimento do segurança, pouco depois de ter entrado na sala de audiências. Estavam a ser concluídos os preparativos para a alegações finais e ela tinha todo o interesse em ouvi-las. Ficou dividida: ia tentar perceber o que se passava com o segurança ou ficava. Acabou por ficar. O procurador público foi relativamente breve, mas muito incisivo. Pediu a condenação do réu com base nos factos provados: A arma do crime tinha apenas as suas impressões digitais, o réu foi apanhado em flagrante com a arma do crime na m

A MALHADA

A MALHADA O estio tinha sido intenso e, apesar do Setembro já ir adiantado, o calor não dava sinais de abrandar. O milho do campo dos Negrelos tinha amadurecido rapidamente e Bernardino queria aproveitar o bom tempo, para acabar de o secar na eira. O processo passava, em primeiro lugar, pela apanha do milho e consequente desfolhada e só depois disso podia ser organizada a malhada. Era muito milho para ser malhado manualmente, mas a verdade é que a malhadeira automática apenas viria para a região dentro de quinze dias. «Podíamos fazer como antigamente. A malhada era feita em simultâneo com a desfolhada.» Disse a esposa. Assim mandava a tradição, antes de virem as malhadeiras. Bernardino ainda tinha quatro manguais em perfeitas condições e tinha ensinado os filhos a manobrá-los, pelo que a sugestão era pertinente. Depois de falar com alguns vizinhos conseguiu garantir que tinha pessoas suficientes para fazer uma malhada manual. A notícia espalhou-se como um rastil

POSTAL DE NATAL 2019

POSTAL DE NATAL 2019 A paz… A paz geradora de tanta revolta, Guerras fratricidas nos quatro cantos da terra… Um reencontro: para quem já nada importa! Campos queimados pelo fogo da Guerra. O fogo… O fogo, num peito que não se esgota, Ardendo como as florestas do mundo. A seiva de troncos queimados que não brota. Um príncipe jogado num canto imundo! A terra… A terra que se revolta, defendendo o bom nome. O degelo que ameaça tornar-se permanente. Manifesta-se o ar: num e noutro ciclone O homem ignorante, assassinando o seu meio ambiente. Os atos… Os atos cegos do homem que do caminho se desvia. A ausência de partilha da abundância desperdiçada. Ufano sentimento de uma grande sabedoria… Belas palavras, que se traduzem em nada! O amor… O amor, esse sentimento perdido, Num mundo cruel de abundante traição. Chora sozinho num canto escondido, Espera por alguém, que lhe estenda a mão. O Natal…   A esperança e o amor in

A JORNALISTA | PARTE IV | CAPÍTULO 9

A JORNALISTA | PARTE IV | CAPÍTULO 9  – O segurança desaparece O chefe de segurança olhou para o relógio. Eram horas de fazer uma ronda. Durante o dia a ronda não era obrigatória, mas ele estava tão cansado, que se ficasse ali sentado ia adormecer. Avisou a rececionista e pegou no rádio portátil: dessa forma estaria sempre contactável. Desde que a inspetora tinha partido que estava com aquela sensação estranha. Parecia que tinha algo a oprimir-lhe o peito. Era como se uma desgraça estivesse eminente. «Não posso deixar que o facto de ter contado tudo à polícia me afete!» Pensou. Na verdade não tinha dito tudo. Apenas tinha revelado o suficiente para que a família fosse colocada sob proteção, sem revelar quem era a mulher, portanto, ela continuava protegida. Entrou no palacete pela cave e sentiu um calafrio. Era como se alguém o estivesse a espiar. Riu-se de si próprio. Onde estava o militar autoconfiante, que enfrentara tantas missões perigosas? Para desanuviar propôs-se tentar