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Mensagens

A mostrar mensagens de 2013

Postal de Ano Novo

Veio a chuva e frio também, veio a neve, sem consentimento. Nada susteve o seu nascimento, predestinado a viver, sendo Alguém. Não seria curta, nem comprida, e uma incógnita, quanto a grandes realizações. Umas vezes de pé, outras aos tropeções, assim lhe foi fadada a vida. Nasceu no pino do inverno, Em noite escura de tempestade! Noite de folia, feira de vaidade! Sem berço de ouro! Era um inferno. Dos ricos ancestrais, uma vaga memória, dos pais, apenas dívidas e dificuldades. A separar a mentira das diferentes verdades, um livro em branco, rezava a história. Findo o Inverno da infância, entrou na alegre Primavera da vida. No Verão teve o seu apogeu, época sofrida! Envelheceu no Outono. Foi-se a militância. Viste os teus amigos sem emprego, tristes os teus filhos, a emigrar! Tu, sem lágrimas, para a partida chorar, agarras-te à vida, sem nexo, mas com apego. Agora já tão perto do fim, amargam-te as memórias do que passo

Album fotográfico do lançamento do Código Impala

Postal (vivo) de Natal

Sobre a folha esvoaça a pena, com pena de isto ter de narrar! Pesam-te as penas do teu penar, sem que a vida se torne amena. Sem sequer olhar para mim, corres sempre sem parar, não sabes bem onde queres chegar, para isso, tinhas que conhecer o fim. Desvaneceu-se o fulgor de outrora, perdido, nas agruras da vida, restou a tua alma incompreendida, interrogas-te sobre o que fazer agora! Para onde corres afinal? Passam os meses e as estações, passou-te o ano, aos tropeções, o mundo parece querer-te mal! Lá no fundo surge uma luz, algo que pode fazer a diferença, dentro de ti renasce a esperança, bate à porta alguém, truz, truz… A medo é aberta a porta entra o aconchego da família, amizade e amor em vigília, e o resto já não importa Mesa farta, quem diria! Noite fora, serve-se o manjar, na bandeja, espaço para amar, ao invés de rica iguaria! Nessa noite tão especial, num mundo novo, em harmonia, paz, amor e muita

A Inspiração

Branca, limpa, fria e lisa, hoje, como nunca esteve! Sobre ti o lápis desliza, num sussurrar leve, que a mão conteve. Negra, sobre ti, a tinta das palavras que ouso em ti gravar, no teu mural a minha imaginação pinta, aquilo que a boca receia pronunciar. Será amor esta doce brisa? Que o esvoaçar da pena provoca, ou a paixão que a minha alma precisa, quando, para te possuir, os Deuses invoca. Num sopro profundo, vindo da alma, o corpo explode e em uníssono grita! Firme a pena, junto à palma e sobre a folha, surge a escrita. Manuel Mota Dezembro 2013

Zero (último capítulo)

V inte e sete. O Sol conduz-nos pelas ruas Ao dobrarmos a esquina da 17 com a Dom Carlos, Paulina perdeu-se-me do braço por um momento. Ao p assar a mão pelo cabelo, os dedos roçaram ao de leve a tes t a e um calafrio   arrefeceu-me os pulmões e dila t aram-se-me as narinas. Acima do sobrolho esquerdo a pele es t ava dura e áspera. Olhei-me nos vidros de um carro e as veias nas têmporas encheram-se de pânico. Compus a grava t a e fechei o casaco. O Sol varria a avenida e a luz era de sábado de manhã. Eu não podia querer que tudo não p assasse de um sonho. Estou calmo. Olho em vol t a. Isto é a minha vida. A cidade não me vira as cos t as. Quem me p assa na rua, p assa, p assa - apenas. Paulina e Pol trocam um abraço. Es t amos a chegar à esplanada do Pa p a-Açorda. Recupero-me. Estou a racionalizar as coisas. Estou a traçar o ma p a da

GIL VICENTE VERSUS TROIKA

Gil Vicente, quando escreveu a Farsa de Inês Pereira, não pensou na intemporalidade da sua obra, mas a verdade é que foi esse texto maravilhoso, que gerou em mim a ideia de vos falar da Farsa da Actual Vida Política. Tudo começa com a vinda da Troika… Esqueçam, tudo começou há demasiado tempo e muitos foram os culpados, mas não responsabilizados, que ficaram pelo caminho, ou melhor, que continuam no caminho, enchendo-o de escolhos, para que o Zé Povinho continue a tropeçar, sem conseguir atingir a meta. Mas afinal o que é que a Troika e o Gil Vicente têm a ver com isto tudo? Tudo isto está relacionado com quadrúpedes! A personagem principal da Farsa de Inês Pereira, deu voz ao ditado popular que diz; “antes quero asno que me carregue, que cavalo que me derrube”. Fê-lo por outras palavras, bem sei, mas foi esse o sentido com que falou. Por seu lado, a Troika, na sua origem, não passava de uma nobre carruagem, puxada por três cavalos. Mas, na Farsa de Inês Pereira, como na utiliza

Partilha - Video Youtube

Nunca é demais divulgar a importância do simples acto de partilhar, muitas vezes o pouco que se tem!

Zero - Capitulo 23

V inte e três. ... cortisona e o meu anjo-da-guarda. Naquela última manhã eu es t ava dei t ado na cama, estendido de pernas aber t as, os braços ao longo do corpo. T inha acabado de acordar e pelo suor na minha tes t a, que eu sentia escorrer até às orelhas, deviam es t ar uns trin t a graus. Era quase meio-dia, o quarto es t ava escuro, as janelas aber t as e as cortinas fechadas. Adormeci e acordei várias vezes até vol t ar a cair num sono pesado. Es t ava sob o efeito da cortisona há quaren t a e oito horas, fosse o que fosse o que isso queria dize r . Por vol t a das três horas senti uma presença no quarto. Uma luminosidade forte ao fundo da cama   do lado direito. Primeiro, pensei que fosse o Sol - que nasce do Oriente, de frente p ara a minha sala - que tivesse já galgado o prédio na sua fadiga diária vol t ando agora p ara o Ocidente