A JORNALISTA | PARTE III | CAPITULO 10 – O Armazém
O homem não sabia mais nada. Nem a quantidade e tipo de armas,
nem a localização do armazém. O capitão era um operacional e não um
investigador por isso, depois de colocar Mónica ao corrente da situação, aguardou
instruções. Entretanto, o chefe da Mónica também já estava no local. Tinha
vindo acompanhado de vários militares e civis que, ou eram políticos, ou da
secreta. Mónica foi confirmada na condução da investigação, tanto mais que se
devia a ela o sucesso até aí alcançado.
«A localização do armazém pode ser em qualquer sítio nas
redondezas.» Disse o chefe da Mónica.
«Isso representa demasiados armazéns. Se começamos a invadi-los
todos, para além de demorar demasiado tempo, vamos alertar os terroristas.»
Disse o coronel, que comandava os GOE.
«Como sabe que se trata de terroristas?» Perguntou o chefe da
Mónica.
«Se não são terroristas, colaboram com eles o que vai dar ao
mesmo!» Explodiu o homem.
«Talvez exista uma forma.» Disse Mónica.
Os olhares do grupo centraram-se todos nela com um misto de ansiedade
e admiração. Mónica ignorou-os e falou com o capitão dos GOE.
«Vocês têm equipamento para aceder ao sistema do camião e
identificar o ponto de partida da última viagem?»
«Claro que temos. Bem pensado!» Respondeu o homem.
A espera foi feita em silêncio. Um silêncio incomodativo,
ensurdecedor! Finalmente, a informação chegou. O armazém situava-se na rua do
Casalinho, tendo as seguintes coordenadas: 39º 44’ 20,47’ ’N e 8º 46’ 1,23’’ W.
Tinham a localização exata do armazém, agora precisavam de planear o ataque. Os
operacionais dos GOE chegaram perto da meia-noite e montaram guarda ao local.
Era necessário descobrir a quem pertencia o armazém e isso não era possível a
meio da noite. Os que não eram necessários para fazer guarda foram para Leiria.
Assim sempre podiam dormir umas horas.
O armazém pertencia a um Fundo Imobiliário e as plantas foram
fornecidas sem qualquer problema. A estrutura era muito simples. O pé alto do
edifício permitia ter num dos lados um pequeno escritório com janelas, situado
numa espécie de mezanino. Seria por aí que iriam entrar.
A primeira abordagem foi feita pela equipa da Mónica, fazendo-se
passar por clientes que queriam alugar um pequeno espaço de armazém. Por
coincidência esse espaço ficava mesmo ao lado da porta marcada pelas
coordenadas GPS. A equipa pediu para ver o espaço e o segurança mostrou-o.
«Posso pedir aos meus técnicos que façam uma análise o espaço?»
Perguntou Mónica.
Ela tinha-se colocado no exterior e falara com voz bem audível. A
ideia era que os vizinhos ouvissem e não reagissem. Passado meia hora apareceu
uma equipa de oito pessoas com fatos-macacos azuis e várias malas. O segurança
começou a ficar preocupado ao ver uma equipa tão grande. Quando ia protestar
Mónica encostou-o a um canto e mostrou-lhe a identificação. Quando percebeu o
que se passava ele assentiu com a cabeça e deixou os homens trabalhar. Os
homens despiram os fatos e por baixo estavam completamente equipados. De dentro
das malas saíram as pistolas-metralhadoras e os capacetes. A equipa de assalto
estava pronta. Os restantes membros estariam nos helicópteros e dispersos no
terreno, prontos para intervir.
O helicóptero desceu os dois homens até ao nível da janela e
estes abriram-na cortando uma parte do vidro para poder introduzir a mão. No
interior estavam apenas três homens que perceberam demasiado tarde o que se
estava a passar. Tinham recebido instruções para não se mostrarem devido aos
últimos acontecimentos, por isso mantinham-se tranquilos no interior do
edifício. Dois deles foram eliminados de imediato, mas o terceiro conseguiu
fugir e esconder-se entre o armamento. Entretanto, a porta foi aberta e o resto
dos GOE invadiu o espaço. Eles tinham muito mais poder de fogo que o adversário,
mas tinham que ter cuidado para não provocarem nenhum derrame ou ativação dos
agentes biológicos. O armazém estava pejado de caixotes organizados por grupos.
De acordo com as inscrições, cada grupo representava um determinado tipo de
arma. Também existiam ali alguns caixotes com os agentes biológicos. Era com
esses que eles tinham de se preocupar e era precisamente atrás desses que o
homem se tinha escondido.
O grupo começou uma aproximação tática com o objetivo de cercar
o homem. Foi lançado um Drone que permitiu ter visibilidade, numa perspetiva
vertical, sobre a posição do homem. Os operacionais avançaram rapidamente, aproveitando o conhecimento de que o terrorista estava agachado atrás dos
caixotes, proporcionado pelas imagens do Drone. De súbito ouviu-se um grito de
alerta. O homem colocou-se de pé e disparou para todos os lados. Depois,
baixou-se, mudou o carregador e repetiu a operação. Quando se levantou, pela
terceira vez, depois de voltar a colocar um carregado novo, o operacional que
estava no mezanino, acertou-lhe em cheio na cabeça e este caiu para o lado
instantaneamente.
Apesar do drama e da tensão tinha sido uma operação simples e
sem feridos do lado dos operacionais. Isso devia-se em grande parte à atuação
de Mónica Fonseca.
«Você foi brilhante. Parabéns!» Disse o coronel à despedida.
O capitão dos GOE despediu-se com um obrigado e uma piscadela de
olho, que para ela valeu muito mais que o maior dos elogios. Tinha sido um
trabalho de equipa!
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