A Praça
Como
se não bastassem os cegos e os aleijados e os desempregados, todos de mão
estendida usando a sua deficiência para aceder à bolsa do passante, como se não
bastassem os malabaristas e os tocadores de guitarra e os tocadores de violino
e o tocadores de tambor, exibindo a sua arte ou a falta dela, em troca de umas
moedas, como se não bastassem os loucos e os pregadores, anunciando o fim do
mundo ou a sua salvação, como se não bastassem os bêbados e os sem-abrigo, com
os seus corpos espojados pelos cantos mais abrigados da praça, como se não
bastassem os jovens e os menos jovens e os velhos, de todas as raças, sexos e
credos, atropelando-se praça fora, como se não bastassem os empregados de
restaurante e os vendedores dos basares, convidando-nos a entrar e a ser
maravilhado pelos produtos aí vendidos e eu, perdido do grupo de amigos, que
foi engolido pela multidão, com os sentidos aturdidos pela variedade de sons,
ruídos e visões, a procurar encontrá-los e encontrar-me.
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