O TEMPO
O tempo, esse nosso amigo que nos atraiçoa,
nos foge por entre os dedos, correndo veloz…
Esfuma-se e, não tendo asas, parece que voa!
Como vento, sussurra-nos ao ouvido, sem ter
voz.
É coisa que todos temos e ninguém tem…
É argumento ou desculpa se nos convém!
Irrequieto e implacável, não para se tropeçamos…
Conta os segundos, sem de relógio precisar.
Vela o sono, quando com ele nos deitamos,
Encontramo-lo crescido, pela manhã ao acordar.
Infinito na essência! Ser que sempre existiu…
Baliza-nos a vida, num limite que alguém
definiu!
Constante, ilude-nos com diferentes perceções…
Lento na juventude, ameaça não querer passar.
Cruel na velhice, finda-nos a vida sem
hesitações!
Recomeça impassível… nova geração vai catequizar!
Eterno e incansável, cada dia com novo alento,
Sempre presente, mas sempre em movimento!
Enleia-nos numa contagem do minuto e do segundo,
Enlaça-nos com nó apertado que nos trespassa.
Desvanece-se o espaço, num tempo sem fundo,
Alvíssaras para a devolução do tempo que passa!
Na montra da vida exibes tudo, enfim…
Tudo me dás e tudo tiras, quando chega o fim.
A história de uma vida escreves no meu corpo,
As rugas no rosto e os músculos cansados.
Eternizas no tempo, ignorando que estou morto,
Os atos bons pelo homem na vida praticados!
Com mágoa verifico: não existe espaço no tempo.
Num tempo que no espaço se recusa a ser lento!
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