Avançar para o conteúdo principal

COVID-19 | RELATÓRIO DO DIA 05/04/2020


COVID-19 | RELATÓRIO DO DIA 05/04/2020

Os relatórios diários não acrescentam nada à informação publicada em várias fontes, onde podem encontrar bem mais detalhe do que aquele que este relatório vos apresenta. Assim o relatório passa a ser ocasional, dependendo, sobretudo, de existir alguma análise que entenda ser relevante divulgar.

O formato deste relatório será completamente diferente e irei limitar-me a realçar um conjunto de aspetos que me parecem interessantes e que deixo para vossa reflexão.

NÚMERO DE INFETADOS
O valor absoluto dos infetados tem vindo a aumentar e assim irá continuar, pois é medido em termos acumulados. Assim, o que é relevante é analisar o comportamento do número de infetados por dia. A esse propósito chamo à atenção para o facto de estarmos a assistir a uma inversão da tendência crescente. Será que já atingimos o Pico? Veja-se o gráfico que se segue.



O número de infetados, para ser comparável com outros países deveria ser medido em termos de percentagem por cada mil habitantes. Só assim se poderá comparar os números portugueses com os de outros países. Vejam uma amostra dos nove países do mundo com maior número de infetados.
Tirem as vossas conclusões!




NÚMERO DE ÓBITOS
Independentemente de a morte ser sempre algo a lamentar é importante, para efeitos de análise do impacto desta pandemia, que o mesmo seja enquadrado dentro do contexto da normalidade. Para isso deixo em baixo o link (ministérios da saúde) para o gráfico da mortalidade geral, ao longo de vários anos em Portugal. Constata-se o seguinte:
  • Em Portugal morrem, em média 400 pessoas por dia, nos meses de outono/inverno e 250 nos restantes.
  • A mortalidade em Portugal em 2020, já incluindo mortos por COVID-19, não é superior à banda registada anos anteriores. Embora pareça que a curva dos óbitos de 2020, a partir de Abril, vai ser ligeiramente superior à média, podendo esse valor ser imputado à Pandemia.
  • Já tivemos picos, em nos anteriores em que morreram 500 ou mais pessoas por dia (8/07/2013:498; 31/12/2016:417; 2/01/2017:578; 6/08/2018:508;), quer devido a surtos de gripe, quer devido a ondas de calor.
  • A taxa de mortalidade situa-se agora nos 2,56%. Esta taxa é inferior à média de muitos outros países e claramente inferior à de Espanha e Itália.



Links úteis

  

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O SEMÁFORO

O SEMÁFORO Na cidade do Porto, numa rua íngreme, como tantas outras, daquelas que parecem não ter fim, há-de encontrar-se um cruzamento de esquinas vincadas por serigrafias azuis, abertas sobre azulejos quadrados, encimadas por beirais negros de ardósias, que alinham, em escama, até ao cume e enfeitadas de peitoris de pedra, sobre os quais cai a guilhotina. Estreita e banal, sem razões para alguém perambular, esta rua, inaudita, é possuidora de um dispositivo extraordinário, mas conhecido de muito poucos: Um semáforo a pedal, que sobreviveu, ao contrário dos “primos”, tão em voga na década de sessenta, na América Latina. No início do século XX, o jovem engenheiro, François Mercier, de génio inventivo, mudou-se para o Porto. Apesar do fracasso em França e na capital, convenceu um autarca de que dispunha de um dispositivo elétrico e económico, bem capaz de regular o trânsito dos solípedes de carga, carroças, carros de bois a caleches, dos ilustres senhores. O autarca ...

O BILHETE

O BILHETE Com os cadernos debaixo do braço ele subiu a escadaria do Liceu Camilo Castelo Branco, em Vila Real. Vivia numa aldeia próxima e tinha vindo a pé. Tinha vários irmãos e como estavam todos a estudar, tinham de poupar em tudo o que era humanamente possível. Já estava com saudades das aulas! Era irónico que tal fosse possível pois os jovens preferem as férias. Não era o seu caso. Tinha vindo de Angola e, por falta de documentos, tinha ficado um ano sem estudar, trabalhando na quinta, ao lado do pai, enquanto os irmãos iam para as aulas. Estudar era, portanto, a parte fácil. Procurou a sala onde a sua turma tinha aulas: Ala este, piso zero, sala seis. Filipe era um aluno acima da média, mas a sua atitude era de grande humildade: esperava sempre encontrar alguém melhor que ele. Dado que tinha ficado um ano afastado da escola estava com alguma expectativa em relação à sua adaptação, mas confiante nas suas capacidades. Não tardou em destacar-se e no fim do primeiro tri...

A ESPIGA RAINHA

A ESPIGA RAINHA O outono já marcava o ritmo. Os dias eram cada vez mais pequenos e as noites mais frias. O sol pendurava-se lateralmente no céu e apenas na hora do meio-dia obrigava os caminhantes a despir o casaco. Na agricultura, a história era outra: as mangas arregaçadas, aguentavam-se até ao fim do dia, graças ao esforço físico. Outubro ia na segunda semana e esta previa-se anormalmente quente para a época. Apesar dos dias quentes, os pássaros já procuravam abrigo para passar o inverno e as andorinhas fazia muito que haviam partido. Na quinta do José Poeiras era altura de tirar o milho dos lameiros. A notícia percorreu a vizinhança como um relâmpago: era a última desfolhada, portanto havia lugar a magusto e bailarico. José Poeiras era um lavrador abastado, mas isso não lhe valia de muito. As terras eram pobres e em socalcos e não lhe permitiam obter grande rendimento. O que lhe valia era a reforma de capitão do exército. Tinha ficado com a perna esquerda em mau estado ...