A PENA
Sobre a folha alva e pura paira, indecisa...
Distraída em volteios, qual cavalo de toureio.
Aos anseios de alguém corresponde de forma precisa,
Busca razões para mergulhar no tinteiro ainda cheio.
Mergulha a pique, num rompante, plena de inquietude!
Aos desvaneios de seu dono responde com solicitude.
Com um frémito lança-se em longa correria…
Por vales e montanhas calcorreia o desconhecido.
O incógnito desvendas com padrão e bandeira,
Dás fama ou sentenceias, seja injusto ou merecido.
Que destinos determinas e quem determina o teu destino?
São mulheres, são homens, em acessos de desatino.
Um jovem estudante, despertando do noturno torpor.
Um escritor de veia apurada e musas no camarote.
A mão elegante de uma dama versando o amor,
Um relatório, seco e monótono, como um serrote.
Sobre o papel um longo e negro rasto de tinta…
O destino escrito que te engana numa finta.
Para diversos fins e de distintas formas usada.
Choras as penas, mesmo dos que não ousam penar.
Na ficção, colocas de forma literal e ousada,
Pensamentos que o autor não ousa expressar!
Extenuada, repousas admirando o talento.
Sem tinta estás nua, incapaz de qualquer provento.
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