LÁGRIMA
Uma lágrima nasceu.
Mortificada e em conjeturas filosofais sobre a sua origem e o seu destino. Distraída
em tais reflexões, nem se apercebeu que o seio que a havia concebido se
encontrava em grandes convulsões. Os soluços sucediam-se em frémitos que percorriam
todo o corpo, fruto de uma tristeza profunda, com ou sem razão sentida. Cresceu
pois sem se aperceber disso. Inchou até que não mais cabia no seu casulo e,
sacudida pelos estremecimentos, foi empurrada pelo canal lacrimal. «Meu Deus
quanta luz» Exclamou, quando brotou no canto do olho. Viçosa, cheia de vontade
de viver! Carregada de planos e expectativas! Caiu. Sem que conseguisse
controlar o destino, escorregou, lentamente, pela linda face de uma jovem e foi
morrer nos dedos da mão que lhe enxugavam as lágrimas. Mão de mãe. Mão de amor!
Um fim simples, sem glória
como muitos outros. Nem todas as vidas são de glória, mas todas têm um
propósito. Missão cumprida? Sim. Aliviar a dor de quem sofre!
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