ALMA
GÉMEA
Alma gémea: Uma ilusão ou uma realidade?
Ele estava apenas a uns centímetros
de distância. O bafo quente da sua respiração batia-lhe na cara. Hipnotizada não
conseguia desviar os olhos daquele rosto. «E agora?» Pensou.
Fazia algum tempo que ela
tinha os sonhos. Eram sonhos muito eróticos que quase nunca envolviam o marido.
Casada fazia dois anos, depois de um namoro de seis meses, sentia que lhe
faltava algo. Amava loucamente o marido mas a relação sexual com este não a
satisfazia completamente. De entre os seus namorados apenas um a satisfizera em
pleno. Tratava-se de um homem casado que a levara a experienciar coisas que ela
nunca imaginara. Coisas de que gostou. Gostou demais e das quais sentia
saudades!
«Porque
é que os jovens não sabem fazer sexo como tu?»
«Provavelmente
sabem, mas só depois de casados é que percebem o quanto as mulheres gostam deste
tipo de variações. O sexo é entendido de uma forma muito puritana e a
utilização do corpo como forma de obter prazer é invariavelmente entendida como
falta de respeito.» Disse o amante.
O casamento não mudou nada. O
marido continuava a olhar para ela da forma puritana como sempre olhou. Aquilo
estava a incomodá-la de tal forma que nos seus sonhos começou a aparecer um
jovem ruivo, belo e espadaúdo, que lhe fazia sentir prazer de uma forma que faria
corar a mulher mais experimentada.
O marido tinha saído em
trabalho. Avizinhava-se um fim de semana e as amigas já tinham programa fora de
Lisboa. Sexta à noite ficou a ver televisão até tarde e a noite foi muito
agitada. O ruivo “visitou-a” várias vezes tendo acordado toda transpirada e com
um desejo que teve de ser satisfeito para não a consumir. Sábado à noite não
resistiu. Jantou, arranjou-se e foi até à discoteca. O plano era dançar até se
cansar e depois ir para casa e dormir que nem um anjo. Sozinha, no meio da
pista bamboleava o corpo ao som da música. Era um mulher com um rosto interessante,
uma anca larga e uns seios que se projetavam no espaço de forma bem visível. Não
sendo bonita, nem especialmente escultural, possuía uma sensualidade que deixava
os homens loucos. Kizomba! «Como seria bom ter alguém para dançar.» Pensou,
enquanto movia o corpo de olhos fechados. Abriu os olhos assustada quando sentiu
o contacto. Ele agarrava-a gentilmente pela cintura. Sorriu. Ela retribuiu a
sorriso e deixou-se conduzir pela pista. Os corpos tocavam-se a espaços e contorciam-se
em movimentos sensuais ao som da música. A sua imaginação começou a divagar. Ela
queria que ele a agarrasse a beijasse e a tocasse nas suas partes intimas. Ele
parecia adivinhar o desejo dela e acentuava os movimentos de contato,
pressionado o seu corpo contra o dela, para se afastar em seguida num movimento
rápido. Fazia tudo parte da dança. Ela estava a ficar louca! Quando a música
terminou, num movimento rápido puxou-a para ele. Ela sentiu claramente a intumescência
do seu sexo. Estremeceu. Ficou presa naquele olhar, seduzida por aquele
sorriso. Lentamente colocou as mãos à volta do pescoço dele e deixou-se
envolver pelo beijo. Foi algo intenso, profundo e selvagem. De tal forma
demolidor que eles perderam a noção do local onde estavam a as mãos de cada um
invadiram a privacidade do outro, tocando-se e acariciando-se de forma febril. Quando
deu por si estava no carro dele. As alças do vestido fora dos ombros e as
cuecas e soutien no tapete do carro. «Meu Deus! Eu vou mesmo fazer isto?» Pensou.
Rapidamente chegaram ao aprestamento dele. Ele segredava-lhe ao ouvido tudo o
que ela sempre desejara ouvir. Coisas eróticas. Palavras feias, mas excitantes.
Ela estremecia de prazer. A noite foi curta para fazerem tudo o que queriam por
isso adormeceram quando já eram oito da manhã. Às dez horas ela acordou. Ele ainda
dormia. Ela vestiu-se sem fazer ruído e foi-se embora. Dormiu até às cinco da
tarde hora a que o telefone tocou. Era o marido.
Ela não sabia quem o rapaz
era, nem onde ele vivia pois o apartamento onde estiveram não era dele, como
ela veio a descobrir mais tarde. Ele também não sabia quem ela era. Fora apenas
uma noite, mas tinha deixado marcas muito profundas. Madalena vivia mortificada
pelo remorso. O que tinha acontecido não era assim tão relevante. A aventura
não tinha diminuído o amor pelo marido, mas tinha aberto uma porta que ela não
conseguia fechar. Ela precisava de muito mais do que o amor do marido. Ela tinha
necessidade de uma vida sexual diferente, menos ortodoxa, mas muito mais viva e
colorida, nos atos e na linguagem. Alguns meses depois dessa noite ela estava
em casa sozinha com o marido. Era sábado à noite e eles não iam sair. Este não
era muito amante de beber mas preparou umas caipirinhas, bebida que a mulher
adorava. Distraiu-se e colocou no seu copo o dobro da dose do normal. Sentados
no sofá sorveram rapidamente as caipirinhas. Ele terminou primeiro que ela e
não tardou muito começou a beijá-la e a dizer coisas que ela nunca lhe tinha
ouvido. Ao invés de o recriminar, como ele esperava, ela incentivou-o. O jantar ficou
esquecido. Sexo, muito sexo. Sexo puro, doce, selvagem e obsceno. Tudo o que
ela sempre desejara concretizou-se. O homem que lhe dava tanto amor também lhe
podia dar todo o prazer do mundo. O mais interessante é que ele sentia prazer
nisso também.
Finalmente tinha descoberto
a sua alma gémea!
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