NONAGENÁRIA
Num orgulhoso carrapito, finos,
leves, ostentas cabelos alvos.
O rosto, doce e afável, pelas
navalhas da vida foi recortado.
O olhar, calmo, doce e meigo,
poisas em nós. Estamos salvos!
Com a força da mente moves o corpo
já velho e cansado.
Com serenidade, sobes mais um
degrau, na escada da vida.
Com simplicidade, colhes o afeto
de uma família agradecida
De olhos abertos, sonhaste com a
felicidade dos teus filhos.
Nos sonhos, em sobressalto, abriste
mil portas para o futuro.
Em silêncio, rezaste para os
livrar de trabalhos e sarilhos.
No peito, um desejo ardente: Que
estejam sempre seguros.
Saudosa da chegada, sofres por
antecipação a nossa partida.
Efémero é o momento, mas muita é a
alegria sentida.
No peito, um sentimento que não se
esgota: é o amor de mãe.
Em doses infinitas, simultâneas,
puras e de insana equidade.
Dedicas aos sete filhos que no
ventre geraste e o mundo tem.
A todos por igual, sem reservas,
sem limites e com verdade.
Um instante na eternidade, longa é
a jornada já cumprida!
Noventa anos é pouco tempo. Somos
egoístas mãe querida?
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