JORNALISTA | PARTE II | CAPÍTULO 10 – Uma noite inesquecível
Quando chegaram a casa da advogada Anabela continuava muito
nervosa.
«Já é muito tarde para irmos jantar. Vamos abrir uma garrafa de
vinho.» Disse ela.
Sem esperar resposta tirou do frigorífico vários queijos e
enchidos e passado pouco tempo estavam sentados à mesa, enfrentando um manjar
de frios. Apesar de querer disfarçar a advogada continuava tão nervosa que não
comeu nada. Ao fim do segundo copo de vinho ficou mais calma e desinibida,
apesar de continuar a tremer. Perestrelo segurou-lhe a mão, apertando-a para
lhe transmitir calma e segurança. Ela levantou o rosto e olhou-o nos olhos. O
toque dele teve o efeito contrário. Ela tremia cada vez mais. Perestrelo estava
genuinamente preocupado com ela. A sua preocupação era tal que não percebeu
nada do que se estava a passar. Anabela lutava com os seus demónios. A ausência
do contacto físico tornava fácil abafar a paixão, mas quando ele lhe segurou a
mão as barreiras caíram todas por terra. Ainda assim a razão tentava
interpor-se entre os dois. «A nossa relação é profissional. Se der este passo
nada voltará a ser igual. Tu não queres isso». Dizia ela a si própria. Olhou
para o detetive e o olhar dele refletia apenas preocupação. Ela ficou
baralhada. «Será que li mal os sinais? Achava que ele também gostava de mim?»
Pensou.
Perestrelo encheu-se de esperança ao ver o brilho do olhar dela,
mas calou-a de imediato quando este se esvaneceu. «Não te enganes!» Pensou ele.
Como ela não parava de tremer ele gentilmente puxou-a para si e abraçou-a. No
início o corpo dela estava tenso e contraído tornando-se duro. Foi um abraço
desconfortável. Mesmo assim, ele procurou aclamá-la.
«Não te preocupes. Agora estamos em casa e eu não vou deixar que
te aconteça nada.»
As palavras dele eram quentes, profundas e sinceras. Ele estava
realmente preocupado com ela. Como ela fora ingénua! Ele gostava dela e por
isso estava preocupado. A preocupação sobrepunha-se ao desejo. Ele era um
verdadeiro cavalheiro. Relaxou. Envolveu-o com os braços e correspondeu aos
seus carinhos. Os corpos colaram-se como duas lapas. O contacto produzia
descargas elétricas que os aqueciam. Ela continuava a tremer e ele finalmente
entendeu o motivo. Ela tremia de desejo. Perestrelo segurou-lhe o queixo e
olhou-a nos olhos. Cada um deles viu nos olhos do outro a paixão que lhes
consumia a alma e fervilhava nas veias. Ele acariciou-lhe o rosto e ela
entreabriu os lábios num pedido mudo de um beijo. Os corpos buscavam-se um ao
outro como se tivessem vida própria. O contacto entre eles tornou palpável o
quão excitado estava o detetive. E intumescência volumosa e vibrante surgia
entre os dois como algo deliciosamente incomodativo. Era simultaneamente um
convite e uma tentação. O detetive beijou-a. Primeiro suavemente depois com
avidez e sofreguidão. As bocas envolveram-se num diálogo de paixão selvagem,
usando-se, explorando-se ou simplesmente entregando-se.
Norberto Perestrelo não queria correr riscos. Fazia muito tempo
que ele ansiava por aquele momento. Tinha sonhado vezes sem conta com ele, mas
tinha-se convencido que nunca aconteceria. Agora, que se tinha tornado
realidade, ele queria ter a certeza que ela desejava mesmo estar com ele e que
não era apenas o vinho a falar. Afastou-a gentilmente, segurando-lhe as mãos
entre as suas e olhou-a com paixão.
«Eu quero-te tanto que nem sei dizer o quanto te quero.»
Ela olhou-o derretida. Um frémito de desejo percorreu-lhe o
corpo e ela selou-lhe os lábios.
«Atrever-me-ia mesmo a dizer que te amo.»
Ela sorriu.
«Talvez seja cedo para afirmar isso. Eu sei que te quero com
todas as fibras do meu corpo.» Disse ela.
«Eu só quero ter a certeza que não é o vinho ou o medo a
unir-nos…»
Ela não o deixou concluir.
«Aquilo que sinto por ti não é de hoje.» Disse ela.
«Eu sinto o mesmo. Assim sendo, nada nos impede de nos amarmos.»
Disse ele.
«Então vem.»
Pegou-lhe na mão e conduziu-o para o quarto. Ela seguia à frente
e ele, ao mesmo tempo que fechava a porta com um pé, abraçou-a por trás. Ela
pressionou o corpo conta o dele, para o sentir melhor. Estremeceu de prazer.
Quis voltar-se mas ele manteve-a presa nessa posição. Isso excitou-a ainda
mais. Ergueu o braço, puxou a cabeça dele para baixo e torceu o corpo,
oferecendo-lhe os lábios. Ele aceitou o convite e beijaram-se com ternura, mas
de forma intensa e profunda. O braço esquerdo dele, posicionado na cintura
dela, pressionava os dois corpos um conta o outro. Com o braço direito libertou-a
da blusa e do soutien e encheu-lhe o corpo de carícias. Lentamente,
desbotoou-lhe as calças e explorou a sua zona erógena com uma lentidão
desesperante. O corpo dela reagiu ao contacto em sobressalto, contorcendo-se ao
mesmo tempo que gemia quase de forma contínua. A mão dele avançou mais
destemida e explorou o seu íntimo. Os estremecimentos tornaram-se convulsões e
os gemidos transformaram-se em pequenos gritos. Ela atingiu o primeiro orgasmo!
Quando ela se acalmou um pouco ele deixou-a virar-se para si e
beijaram-se de forma carinhosa. Ela libertou-se da pouca roupa que lhe restava
e tirou-lhe a camisa, desabotoando cada botão com gestos lentos e sedutores, ao
mesmo tempo que lhe ia beijando o tronco. Quando terminou estava de cócoras
beijando-lhe o umbigo. Ele olhou-a interrogadoramente. Ela retribui-lhe com um
sorriso maroto e desapertou-lhe o cinto. De joelhos ela acariciava-o levando a
excitação dele ao rubro. Usando as mãos, a boca e a língua, com mestria, transportou-o
até ao paraíso. Quando ele sentiu que não aguentava mais, levantou-a, puxando-a
pelos braços com delicadeza, e beijou-a com paixão.
Pegando-a pela cintura ele sentou-a na cama e depois rebolaram
um por cima do outro. Ela sentou-se em cima dele sentindo-o nas suas
profundezas. Aquilo era muito melhor do que ambos tinham imaginado. De olhos
fechados e com movimentos lentos eles gozavam o contato externo e interno, com
um prazer tão profundo quanto o sentimento que os unia. «Bolas! Será que eu amo
este homem?» Pensou ela. Ele puxou-a para si e rolou para cima dela. Ele era
bem pesado mas isso não a incomodava. Abriu-se para ele e ele penetrou-a ainda
mais profundamente. Enquanto ele rodava o corpo rebolando, ela usava os
músculos para lhe massajar o membro com contrações e relaxamentos sucessivos.
Perderam a noção do tempo. O prazer era tanto que eles o prolongaram, adiando o
clímax o mais tempo possível. Quando isso se tornou impossível, explodiram num
uníssimo indescritível. De olhos fechados eles sentiram a terra tremer e viram
o céu encher-se de fogo de artifício. Nunca tinham experimentado uma coisa
assim. Ficaram colados um ao outro gozando cada segundo, sentindo um prazer
infinito em cada movimento, em cada contacto, até ficarem exaustos.
Ele procurou uma posição mais confortável e, deitado de costas,
puxou-a para si. Ela deitou a cabeça no peito dele e, colocando a perna
esquerda sobre as dele, buscou o aconchego do corpo masculino. Ele acolheu-a
num abraço ternurento e adormeceram.
Algumas horas depois ela acordou no braços de Norberto. Nos
primeiros instantes a situação pareceu-lhe estranha, depois recordou a
intensidade do sentimento experimentado e aconchegou-se mais a ele. A perna
esquerda sentiu a intumescência dele e ela movimentou-a lentamente. Perestrelo
acordou e apertou-a com carinho. Estava outra vez excitado. Acariciaram-se
mutuamente. Ele sentiu o muco vaginal humedecer-lhe a coxa esquerda e isso
deixou-o em estado de sítio! Colocou-se em cima dela e beijou-a, acariciando-lhe
o seios. Com os lábios percorreu-lhe a face, numa carícia e continuou até chegar
à orelha, mordiscando-a.
«Vira-te.» Ordenou ele num tom meigo.
Ela estremeceu. No que dizia respeito a sexo ela adorava ser
dominada. Excitava-a receber instruções de um homem sobre a posição a assumir
ou sobre aquilo que devia fazer. Ele pediu-lhe para elevar a anca e, pegando
numa almofada, colocou-a debaixo dela. Era uma posição em que ela ficava
completamente exposta. Com carinho ele afastou-lhe ligeiramente as pernas, a
visão era celestial. Ele acariciou-lhe as zonas erógenas, fazendo uma pressão
muito suave nos orifícios dela. Anabela estava completamente fora de controlo.
O corpo parecia ter ganho vida própria e reagia a cada toque, a cada carícia,
com pequenos saltos, ao mesmo tempo que soltava um gemido quase contínuo. Ela
entregou-se de tal forma a ele que estava em vias de atingir um orgasmo. Ele
percebendo isso massajou-lhe o clitóris, com movimentos rápidos e introduzindo–lhe
um dedo. Ela gritou de prazer e, apertando-lhe a mão dele com as coxas,
estremeceu durante mais de um minuto. Quando ela se acalmou um pouco, ele
continuou a acariciá-la, mantendo-a presa naquela posição. Tê-la assim dominada
dava-lhe uma sensação de poder que o excitava de uma forma que nunca tinha
experimentado. O seu membro estava tão duro que lhe doía. Quando sentiu que não
conseguia aguentar mais dobou-se e segredou-lhe ao ouvido com uma voz rouca.
«Vou-te sodomizar.»
Ela ficou toda arrepiada. Era uma forma um pouco mais dolorosa
de fazer sexo, mas ela adorava-a. Apenas se arrependia quando os homens eram
demasiados brutos e a deixavam magoada. Norberto era um especialista. Depois de
lubrificar a zona, excitou-a e entrou tão docemente, que ela nem sentiu.
Inebriados com a sensação deixaram que os seus corpos comandassem os atos até
que, sem necessidade de palavras, atingiram os dois o clímax. Houve gemidos, berros e gritos, tudo aconteceu naquele quarto. Não foi um momento tão mágico
como o que tinham vivido há duas horas atrás, mas a sensação de prazer foi
igualmente brutal. Tinham libertado a fera que existia dentro deles. Foi um
momento de puro prazer e pleno de lascívia. Continuaram a acariciar-se a
amar-se, até que, exaustos, adormeceram.
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