Helena,
A forma como o
nosso encontro terminou fez-me pensar que não voltaria a ter notícias tuas. A
tua carta desmentiu-me. A minha sina tem sido um conjunto de desencontros, cujo
responsável sou exclusivamente eu. Foi o peso na consciência que me levou a
interpretar a tua reação como um castigo. Fui apanhado na minha própria
armadilha, mas dizem que: quem brinca com o fogo queima-se…
A noite
começou por uma brincadeira, mas quando esta terminou estava completamente
rendido. Não foi apenas a tua beleza ou o teu corpo escultural que me deixaram
deslumbrados, foi o ser humano que existe dentro de ti. Tu és uma pessoa
extraordinária e a tua história deixou-me apaixonado. Devia ter percebido que
uma mulher como tu tinha alcançado mais longe e tinha antecipado os meus
objetivos iniciais, mas o meu coração falou mais alto. Aprendi uma grande
lição, uma lição sobre honestidade.
Se as tuas
últimas palavra fizeram gelar o meu coração a tua carta aqueceu-o de tal forma
que parece querer sair do peito e correr ao teu encontro. Viver uma semana,
tendo de assumir que não fazias parte da minha vida, foi um pesadelo. Senti a
tua falta de manhã, ao acordar, quando despertava para a dura realidade. Uma realidade
sem ti, que me pareceu insuportável, todos os dias. Senti-a durante o dia,
enquanto trabalhava, ou noutra qualquer ocupação, mas senti-a, sobretudo, ao
fim do dia e ao adormecer. Naquele momento em que já não podemos fugir, ocupando
a mente com outras coisas. Nessa altura, a dor da tua ausência eterna tomava
conta de mim e quando o coração dorido adormecia, a razão espicaçava-me com o
arrependimento.
Receber esta
carta permitiu-me sonhar. Sonhar que estava a teu lado e que, de mãos dadas,
passeávamos à beira rio. Sonhar que nos sentávamos num banco do jardim e que a
tua cabeça repousava no meu ombro, permitindo-me acariciar os teus cabelos
sedosos. Sonhar que trocávamos beijos ardentes e que os nossos corpos se
buscavam movidos pela paixão. Sonhar que repousava a cabeça no teu colo e que
acariciavas os meus caracóis, com promessas de amor eterno, embalando-me para o
resto da vida. Sim, sonho contigo, sonho com um amor que ainda tem de ser
construído, mas que sinto toma conta do meu coração. Talvez seja cedo para
isso, mas que outro nome dar a este sentimento arrebatador, que tomou conta de
mim?
Li a tua carta
vezes sem conta e tenho vontade correr para os teus braços. Desejo ser acolhido
no teu regaço e abraçar-te. Desejo prender-te a mim num abraço eterno de amor e
carinho. Desejo satisfazer o teu mais pequeno desejo, para que sejas feliz,
hoje e em toda a eternidade. Li a tua carta e as palavras que escreveste deram-me
uma felicidade tamanha, que não quis separar-me dela. Sozinho no meu quarto,
deitado sobre a cama, imagino-te estendida a meu lado. Sinto o teu cheiro. Um
cheiro que impregnou os meus sentidos e que não mais me deixou. Um cheiro que é
sinónimo de felicidade. A felicidade de poder voltar a estar a teu lado, de
poder amar-te.
Sim quero
estar contigo. Quero percorrer contigo o caminho que nos permita construir uma
relação, mas não uma relação qualquer: uma relação de amor. Um amor para toda a
vida.
Com carinho,
Pedro
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