A
tua carta chegou às minhas mãos depois de ter percorrido meio mundo. Tinha
acabado de sair de Portugal quando chegou à minha casa, tendo sido
sucessivamente reencaminhada para os escritórios de Berlim e Nova Iorque, até
chegar a mim, ontem, em Kuala Lumpur. As minhas mãos tremiam quando a abri e o
meu coração saltava dentro do peito. O entusiasmo e o nervosismo digladiavam-se. Li-a de uma assentada e tive que voltar a lê-la, para ter a
certeza do que estava escrito. Desde a noite do incêndio que te procuro sem
sucesso. Já desesperava quando encontrei a tua amiga e a promessa adiada, que
ela me transmitiu, deixou-me convencido de que não querias voltar a ver-me.
Nessa altura o meu mundo terminou. Mais do que nunca dediquei-me a trabalho,
dessa forma tinha menos tempo para pensar em ti e no facto de que não tinhas
querido ver-me. Os meus olhos estavam tristes e secos, mas o meu coração
chorava todos os segundos do dia. Saber que me amavas e que a promessa de me
ver não tinha sido uma forma delicada de em afastar, deixou-me num estado de
euforia impossível de descrever.
A
minha vontade era partir de imediato para Portugal e ir ao teu encontro, mas
apenas estarei de volta dentro de três semanas. Imagino que neste momento te
interrogues sobre o meu silêncio, mas este deve-se exclusivamente ao facto da
carta ter demorado dez dias a apanhar-me. Li a tua carta ontem e desde essa
altura que vivo num permanente delírio. Sonho com o momento em que os nossos
lábios se unirão para celebrar o reencontro tão desejado. A sensação de um
beijo toma conta de mim. Fecho os olhos e consigo sentir o toque dos lábios
entreabertos e a dança guerreira das nossas línguas, até que exaustas se
entregam uma à outra, numa dança vienense. Os corpos colam-se um ao outro
estremecendo de prazer. As mãos exploram os corpos e estes contorcem-se em
espasmos de prazer agridoce, ansiando por um contacto mais intimo e por uma entrega
onde se possam fundir num só.
Abro
os olhos e desperto para uma realidade mais dura. Separam-nos vinte dias de
espera. Uma espera que se anuncia dolorosa, pois cada momento longe de ti dói.
Uma dor apenas suportável pelo facto de saber que os teus braços me esperam,
para se fecharem à volta do meu peito, numa fusão harmoniosa. A minha
imaginação não para! Vejo-nos numa praia paradisíaca, caminhando pela praia de
mãos dadas. A água refresca-nos os pés e o sol queima-nos os ombros. Os corpos
bronzeados e tonificados pelo exercício, anseiam um pelo outro. As nossas mãos
são o portal através do qual a energia flui entre os nossos corpos. Cada toque,
cada carícia, cada aperto da mão, são uma mensagem que os corpos descodificam
sem necessidade de palavras. A paixão está definitivamente no ar, mas sobretudo
está embutida em cada célula do nosso corpo, fazendo-o vibrar como só ela sabe
fazer.
O
cenário muda mas a paixão é a mesma. Vejo-nos a passear, numa tarde outonal,
junto ao rio Tejo, em Lisboa. Ligados por um abraço abençoado pelo sol outonal
e unidos por um sentimento que nos transforma numa ilha. Uma ilha banhada por
um mar de amor. Um amor que nos aquece e nos projeta para a eternidade.
Seja
qual for o local ou a circunstância, o amor rodeia-nos, a paixão invade-nos e o
desejo consome-nos e eu condenado a esperar pelo meu regresso para te ter
novamente nos braços.
Eternamente
teu
Pedro
Lindo, com um toque de romance.
ResponderEliminarBom ano e uma boa continuação!
Cumprimentos
Os Piruças