Take 3 - amor não desejado
Quando
descobri que a carta que te tinha escrito não estava na gaveta entrei em
Pânico. O meu coração adivinhou aquilo que mais tarde a minha irmã me
confirmou: A carta estava em teu poder. Fiquei zangada com a minha irmã, mas
mais do que isso fiquei com medo de sair à rua, para não correr o risco de te
encontrar. Imaginei mil vezes o teu sorriso de gozo ao saberes da minha
confissão. Depois de um dia de agonia, apenas ultrapassada pela
curiosidade de conhecer a tua resposta, a minha irmã fez-me chegar a tua carta.
Ao fim de uma
dezena de linhas tive de interromper a leitura, pois as lágrimas que me
banhavam os olhos turvaram-me a vista. Todo o meu corpo tremia de emoção e
chorei de forma incontrolável. Chorei de felicidade. Como era possível? Tu, um
homem sempre rodeado de mulheres bonitas, gostares de mim daquela forma. O meu
coração batia tão forte que parecia querer sair do peito e correr ao teu
encontro. Era tarde e tive de me controlar. Hesitei mil vezes em telefonar-te,
mas decidi manter o romantismo de uma declaração por carta, por isso será, mais
uma vez, a minha irmã a entregar-te esta missiva.
Fiquei a noite
quase toda acordada. Revi mil vezes os traços do teu rosto. Admirei o teu corpo
musculado, que exibias nos treinos de futebol e imaginei-me no aconchego dos
teus braços. O meu corpo tremia de prazer só de imaginar a proximidade do teu.
Os meus lábios vibraram com o teu beijo imaginário e o corpo aqueceu,
respondendo ao apelo da sensualidade do teu. Estremeci mais uma vez de prazer.
Imaginei-me a passear contigo, de mão dada, por todo o lado, suscitando a
inveja das outras mulheres e nós indiferentes a tudo, apenas preocupados um com
o outro.
Imaginei que
ficava a teu lado para toda a eternidade. Que os teus beijos cobriam o meu
corpo como um manto e que as tuas mãos me desnudavam, com carinho, fazendo
vibrar todos os poros com cada toque. Imaginei-nos deitados na relva do meu
jardim, numa noite de verão, contando as estrelas, enquanto a tua mão
acariciava os meus cabelos, causando-me arrepios na nuca. Imaginei o teu beijo
quente e molhado explorando cada recanto da minha boca em busca de um prazer
que eu estou sedenta de satisfazer.
Quando
finalmente adormeci, sonhei contigo. Sonhei que já não existiam barreiras entre
nós, que me possuías de forma gentil, mas enérgica. Sonhei que os nossos corpos
nus se atraiam de forma vertiginosa e que, depois de tanto desejo retraído, se
fundiam num só. Acordei em sobressalto pois não estavas a meu lado. A lembrança
da tua carta acalmou-me a alma e levantei-me. Era altura de te escrever esta
carta.
Não existem
palavras para descrever o quanto eu te amo, nem a felicidade que sinto por ser
correspondida, por isso vou dizê-lo da forma mais simples: AMO-TE e sou feliz
por SER AMADA POR TI.
Eternamente
tua
Amélia
Comentários
Enviar um comentário