A GINJEIRA
No
retângulo inserido no interior do quarteirão,
Incide,
em estranho ângulo, o astro rei, pela manhã.
Enche-se
de luz, o recôndito e ensombrado vão
Diamantinas
cintilações geradas por vidraça chã.
O
que escondes por detrás de tais cintilações?
Procuro
convosco. Abramos os nossos corações!
Adivinha-se
o logradouro a ver os edifícios terminar,
Recanto
reservado de curiosos olhares e de passantes.
No
verde repousam gotas de orvalho, num imenso mar…
Ramos
esguios que a aragem suave torna errantes.
Quem
és tu, que reinas preenchendo um espaço gigante?
Alvissaras! Percorra-se o mundo pergunte-se à
gente!
Lançado
o repto, surgem dúvidas: É perguntar!
Apura-se
o olfato, sentindo-se o odor primaveril…
Aguça-se o ouvido, mil chilreios esvoaçam pelo
ar…
Afinca-se
o olhar. A ginjeira floriu: Estamos em Abril!
O
que escondes, disfarçado por cheiros e sons?
Vamos
mais fundo, busquemos as cores nos vários tons!
Maravilhosa
natureza, que cada ano se repetiu…
Perdeu-se
o rosa, outrora flor, agora apenas velho.
Viçoso
cresce o grão verde que em seu lugar surgiu…
Deliciam-se
os melros com o fruto agora vermelho.
Que
escondes afinal nessa forma colorida e matreira!
Não
escondo nada. Vivo como singela ginjeira!
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